terça-feira, setembro 28, 2004

Nigromancias

Solta-se a noite,
arrastando as suas estrelas e astros.
Uma escuridão estende a ubiquidade
da sua ausência.
Tudo move, tudo gira,
em perfeita permanência.
São alquimias,
convenções e nigromancias,
são as manias,
ânsias,
desejos silenciados.
A morte dispersa-se aos bocados,
na potrefacção dos corpos,
já ninguém os recorda,
ninguém os chora,
já lá vai a hora,
em que ainda eram recordados os nomes.
O esquecimento imperturbável
dos tempos.
Um corvo desce em picado voo,
é o taberneiro tétrico,
o embriagador de almas,
o cantautor de tristezas.
Nas noites calmas,
compõe com destrezas,
de músico erudito.
As mesmas misérias
que agora repito.
Choram as flores
em cada pétala caída.

1 Comments:

Blogger João said...

Cara Few Words:

O cenário deste poema é bem tétrico, mas a escolha foi consciente. Descrever um cemitério e enumerar alguns dos símbolos que constituem o nosso imaginário mais obscuro.
Acho curioso ter encontrado alguns paralelismo com Edgar Alan Poe, de facto andava a ler os poemas deste autor. É um dos meus poetas preferidos, assim como, Al Berto, Charles Baudelaire, Bukowski ou Herbert.

3:06 da tarde  

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