quinta-feira, agosto 05, 2004

Postumo


Duas datas!
Duas datas me deixaste
para que te possa chorar
na pedra fria.
Na tua filantropia,
comum aos egóistas,
quiseste partir primeiro,
para não me chorares.
E assim...
assim me fiquei,
sem lágrimas que verter
sem bússula,
nem remédio
para este anoitecer
da vida!
E agora?
Que me esperase te anseio
que me chorase te recordo?
Em má horate fostes e fiquei.
Que pecado!
Que crueldade!
E a espera?
Como engano o tempo?
esse especialista da matemática,
génio das fracções,
fanático da pontualidade?
Somado tudo,
um instante fica
que uma eternidade demora.
Ai... Ai Meu Deus,
e agora?