quinta-feira, agosto 05, 2004

Tela

É velho este mester
como velha é a mão que o comanda.
Antiga a arte que demanda,
tudo o que para si houver.

Esta tela que se estende,
sementizado pincelar fecundo.
Este talento que não entende,
que a arte é de outro distinto mundo.

Esta mentira e fingimento,
esta angustiada verdade,
este matizado lamento,
cravado na corrosiva tonalidade.

Na tela em que me masturbo,
em eunuco talento frebil,
num sepulcral cinzentismo senil.

Emoldurada mentira,
embriagada criação.
Cálice jucoso da falta de inspiração!