quinta-feira, agosto 05, 2004

Lágrimas

Choro,
sem que uma lágrima verta.
Sofro desse mal de ser eu.
Sou um eco na falésia,
que rasga o peito das ondas,
que inunda a vastidão
do nada que é a noite.
Sou silêncio nesse mesmo eco,
uma ausência que é,
um quase nada,
um muito pouco.

Choro,
e a lágrima teimosa resiste.
A íris humedecesse,
turvam-se as ideias,
rosáceas faces,
trémulo queixo.

Choro,
na verdade da lágrima,
no seu silencioso caminho.
Conhece-lhe o destino,
a peregrinação à alma.
Apanhada no regresso cansado,
já extenuada,
onde se deixa postrar,
na face rosácea,
no seu escolhido leito.

Choro,
que é uma lágrima
cada palavra que escrevo.
Secá-la? Nunca!
Isso seria rasgar este poema,
E privar-te da grotesca intriga
que o meu sofrimento em ti produz.
Ó caro leitor!
choro porque me queres ler,
choro em cada lágrima escrita,
e pedes para ti próprio,
no silêncio da tua leitura,
que continue...
bebes sofregamente de cada lágrima,
Por isso choro....

2 Comments:

Blogger João said...

Cara Sónia, como refiro na nota de abertura deste blog, este é o sítio onde exorcizo estas bigromancias do meu ser. Este é o meu lado mais obscuro.
Sentimento há e muito, invisto em cada verso muito de mim, compenso a falta de talento com uma sinceridade que dificilmente poderia superar.
Se este era um período difícil? Sim... ainda subsiste, infelizmente!
Jinhos.

5:59 da tarde  
Blogger João said...

Ups... no anterior comment tenho um erro, não é bigromancias mas nigromancias. Erro ao teclar.
Desculpa.

6:00 da tarde  

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