quinta-feira, outubro 07, 2004

Os sinos da Sé


Tocam os sinos
em cadenciado cantar.
São meninos.
Na arte de soar.

Encimam a torre alta
da Sé.
São gigantes os meninos,
Hermes da Fé.


Movem os corpos de metal talhado
num ritmo pendular,
baloiçam o corpo pesado
que range e manda soar.

Já foram velhos os meninos.
que do alto da torre apregoam.
São sinos,
que demandam conquista
e assim soam.


Ide, tempos de outrora.
Que os meninos,
sinos,
navegantes dos sons solenes,
irão espraiar-se nas praias auditivas,
no porto da nossa fé.

1 Comments:

Blogger João said...

Oi Few Words:

O poema é mais do que os a descrição de uns simples sinos, a questão não é a fé ou a ausência dela, Deus ou o cerimonial. Os sinos da Sé chamam a algo superior, ao uma introspecção, ao oráculo de nós, à reflexão dos nossos actos, dos nossos pensamentos. Essa é a conquista de que falo, a batalha connosco, a luta por ser melhor sem rasteiras ou jogos sujos. Os sinos são velhos, porque a necessidade desse exercício é velha. são meninos por que a mesma reflexão é sucessivamente esquecida e nunca deixa de ser um esboço ou um embrião.
Os sinos são hermes de nós para nós. Se nessa introspecção encontramos a ideia de Deus numa das encruzilhadas das nossas congeminações, então aí a questão é pessoal, cada um envereda por onde quiser e encontra quem desejar.

Jinhos.

8:26 da tarde  

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