domingo, outubro 24, 2004

Pedras da calçada

Esta praça onde se espraiam
As pedras de calçada,
Polidas pelo peso dos corpos,
Conhecem os diferentes andares,
Coxeares
E inclinações.
Estendem-se às bengalas,
Movem-se divertidamente
Debaixo dos pés do ébrio.
São chão composto,
São puzzle do tempo.
São sobretudo caminho,
Em alegre andar,
Para casa,
Para o jantar.
São pesados passos,
Marcada tristeza,
Que o trabalho é já ali.
Testemunho dessas e outras coisas,
Conhecem os segredos da noite,
Os seus múltiplos cheiros
E as suas náuseas.
Conhecem as tardes de glória,
Os golos e fintas,
E as quedas também,
Dos miúdos
De então,
Dos agora graúdos
Que levam os seus pequenos em mão,
Para mais uma jogatana.
São as pedras da calçada,
Polidas pelos andares
Desta praça principal.