sábado, outubro 15, 2005

Nós


Deitei-me contigo,
amanheci em nós.
Na noite dos nossos tristes rostos
desenhou-se uma alvorada de mimos.

Descemos o rio dos nossos seres,
fomos um nós,
escrevinhando notas de rodapé
no texto das nossas vidas.

Rabiscámos desencontros
unimo-nos em longas cartas
de brancas folhas.

Parafraseando notas de bandas sonoras.
Prometemo-nos tudo na tarde
dos nossos seres.
Deixámo-nos ser,
deixando ser este nós
que entardeceu.

Na noite desta promessa
deitámo-nos silenciosos,
poisámos a caneta
e sorrindo nostalgicamente,
nada dissemos.

5 Comments:

Blogger Teresa Projecto said...

hum..não tenho a certeza ams vou tentar uma interpretação pessoal:

gosto da forma como associas dois amantes ao escritor e ao papel/escrita. pelo menos foi assim que o vi...Aquela paixão incontrolável que sem precisar de palavras, cria-las. certo?
Provavelmente sou só eu a divagar..

abraço

8:17 da tarde  
Blogger W said...

gostei :) principalmente do
"Deixámo-nos ser,
deixando ser este nós
que entardeceu."

Vim ver o teu blog(não sei como descobriste o meu)e gosto desse texto incluído no 'about me'.

Não tenho por hábito interpretar os poemas dos outros a fundo. Talvez porque sei que tudo o que ponho no que escrevo dificilmente pode ser percebido até ao fundo. Só no geral.

take care:) *

2:27 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

estes são os sentimentos e pensamentos que o teu poema me provoca, não sendo de todo uma interpretação dele; Quão única é a saudade de um "nós"...o "nós" que nunca resulta de um eu e tu...e que portanto, tem sempre um princípio e nunca um fim. Esse fim que não existe porque entre "rabiscos" e "longas cartas" nutrem-se sentimentos que, bons ou maus, revelam e nutrem promessas e desencontros de um amor que a memória guarda cálida e nostalgicamente...sempre! e que saberemos nós de amor, meu caro?

7:14 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Prometemo-nos tudo na tarde
dos nossos seres.
Deixámo-nos ser,
deixando ser este nós
que entardeceu.....JA FALEI Q ACHEI ISSO LINDO...GOSTO DA IDEIA DE UMA AMOR Q ENTARDECE...PQ DEPOIS VEM O AMANHECER...TUDO SE RENOVA...INCLUSIVE UM MESMO AMOR... BEIJINHO P TI.....

12:42 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Caro poeta, arriscarei um humilde comentário ao teu poema! gosto da forma como espelhas o "nós" à luz de um dia que "amanhece" cheio de mimos, que promete tudo na "tarde" de um amor pleno, e que "anoitece" sem palavras.
E subscrevendo as tuas palavras questiono-te se, a uma noite "silenciosa" não poderá surgir um amanhecer terno e profundo, porque nem sempre do verbo se faz o "amor"!
Parabéns pelo blog, e obrigado pelo carisma que concedes aos teus poemas!

8:24 da tarde  

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