A praia dos esquecidos
A noite veio beijar a areia
de uma praia algarvia.
Mal sabia,
a noite encantada, que a maresia
não traz apenas búzios e conchas mágicas.
Acompanha-a as ondas,
e com elas os ecos dos mareantes perdidos.
O mar ulula eloquente
Conta histórias de glória desta gente,
que bebe na íris dos olhos as águas turvas da aventura.
Embriagados de fantasia,
troçam da amargura,
e afogam a alma nos mares,
menos extensos e mais pesados.
E, aos pares,
com uma cadência quase precisa,
derrama-se as almas no vidro frio,
e ouvem deleitados histórias
que conhecem de fio a pavio,
com pontos e vírgulas
e alguns acrescentos,
como aquela que contam que num barco ia um,
e passadas algumas marés, iam centos.
As marés vão e vêm,
morrendo na praia sedenta dos lábios.
São sábios,
artesãos do conto,
curtidos na força das ondas,
polidos nas narrações do mar.
Afogam-se, que é essa a morte do pescador,
nas turvas águas da dor,
na saudade dos anos que não vão voltar.
5 Comments:
Adoro estes poemas com travo a mar! Gosto mesmo muito!
Não ficará esquecida esta praia!
Um abraço.
Bem-vindo João da Cal, já anexei o teu blog aos meus favoritos, prometo comentar. Um grande Abraço.
Few-Words, como sempre estás lá, a interpretação do poema é mto boa. Jinhos.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
O mar é de facto fantástico,se ele falasse concerteza que teria muitas histórias para contar.
Quantas memórias...
Continua, já sabes que a mim me encanta*
Ai ai...A saudade. Desculpa a minha tão longa ausência e silêncio...Mas tnho andado mentalmente "ausente"...lol. E não só, tenho andado bloqueada. Pouco escrevia, e o que escrevia não me agrada. Mas finalmente desencalhei, e em grande parte graças aos teus poemas, as estas palavras que me martelam a cabeça todo o dia. Obrigado.
Quanto ao poema, que posso eu, simples amadora dizer? Hum...Fico-me pelo brilhante.
Dá sinais de vida!
Abraço de saudade...
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