segunda-feira, janeiro 10, 2005

A Marcha

Recordas-te dos corpos que tiritavam
nas frias ruas do esquecimento,
palco das marchas cambaleantes,
empurradas pela força bruta das vozes que gritavam
palavras arroupadas de símbolos?

Partilhávamos o sonhos de sermos,
uma pluralidade de corações que pululavam
ao sabor de um unissono eco,
mergulhado na esperança
dos que , como nós, giravam,
nas geometrias apaixonadas, sobre um eixo comum.

Eramos tantos e tão jovens.
De coração tenro e ingénuo,
era firme e eterno
o juramento a que nos associavamos.
Ambicionávamos
mudar o mundo,
e já que estavamos predispostos à audácia,
pediamos ser os actores de uma renovada História,
quisemos escrever a memória,
e assinar os ecos futuros,
com nomes colectivos,
dos inúmeros rostos puros,
jovens e sonhadores,
capitães e remadores
das ondulantes praças da vida.

Hoje... passados que estão os anos,
já nos treme a mão
que assina o manifesto da verdade.
Passados os tempos de então,
Já se nos fazem irregulares
as pegadas no chão das praças da vida.


(Sou mesmo mau a pôr títulos nos poemas, se tiverem paciência para sugerir algum faça o favor, para qualquer um dos poemas deste blog). Abraços.


1 Comments:

Blogger João said...

Obrigado Renata! Tempos de Évora? Pode ser! Mas o de "amiga" não te perdoou, é mais amigo (lol). sei que foi um lapsus. Jinhos e bem-vinda.

12:15 da manhã  

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