quinta-feira, agosto 05, 2004

In Verbo Veritas


Não me calo!

Ainda que o medo
ameace silêncio tolhido.
Ainda que um dedo
toque nos lábios
de uma boca selada.
A língua laminada,
torno de uma verdade
esquecida,
falará em bifurcada
justiça.
Escolherás,
e nessa escolha tua,
uma dolente constatação,
que mais pesados são
os cinzentismos destas aguarelas,
que a mão,
enlouquecida,
desobedece em rapsódias
nigromancias e tetrícismos.

Não me calo!
Ainda que a boca se silencie,
que a escrita não soe,
e os olhos não leiam.
Sempre haverá a robustez
de uma palavra pensada,
residente
na camarata da memória,
no silêncio do que não dissemos.
Ai... mas quanto o sentimos!
Sentimo-lo tanto!
Caro leitor...Como posso calar?!
Não me calo!