quinta-feira, agosto 05, 2004

Que de mim um eu houvesse

Em mim tão atento estou,
consumindo eu, o que de mim
sou.
Que ao cabo de mim, e enfim...
ao fim ao cabo, ficou
claro que nada escuto
a voz que de mim se cala,
o eu que não fala
e não prescuto.

Atento em mim
o eu que permanece
o sou que fui,
no nada que em mim acontece.

Sou eu que de mim escreve,
em escrita que de mim falada
ouves, o eu que se atreve
a escrever à desfolhada
o que de mim ouve.

Se grande confusão houvesse,
pois de ser três vezes estou,
de mim um pouco se abastecesse
este eu que sou!