quinta-feira, novembro 04, 2004

Hoje

Hoje é o dia do poeta,
das fracções dos seres
que escrevo.
Hoje podemos mentirmo-nos,
Hoje podemos fingir que acreditamos,
embriagados e cambaleantes
nas estradas desta nossa poesia,
nas feiras dos versos,
no circo das palavras.
Guardo as centenas de páginas rasgadas,
as verdadas riscadas,
os sentimentos censurados.
As desfigurações do virtuosismo,
no expraiar dos tons disfarçados,
em malabarismos e acrobacias.
Amanhã será um novo dia,
sobre ele um novo Sol erguer-se-á,
e a criança meiga e verdadeira
que é esta poesia,
embebedar-se-á de compromisso.