sexta-feira, novembro 05, 2004

Por uma eventualidade...

Se um dia,
manhã ou tarde que seja,
que de mim só há noite profunda,
te cruzares com a minha poesia,
numa dessas encruzilhadas
que o destino desenha,
nas manhas e entretengas
da sua vontade.
Lembra-te de alimentar
o corpo magriço,
que no rebuliço
dos versos e rimas,
esqueceu-se de retemperar forças.
Recorda abrigá-la
com roupagens grossas e quentes,
que o ranger dos dentes
não é fita.
E assim...
Após isto...
Abraça-a,
com mimo e sentimento,
que não se erga impedimento,
às carícias e aconchegos.
Depois?
Depois...
Deixa-a ir,
pelo mesmo caminho empedrado,
que não é tua esta poesia,
nem minha, que a pari.
É filha da madrugada,
ser hibrído,
é sussurro ou rumor,
Choro ou dor.
É de quem a acolha.
É ser que se empresta,
num aluguer gratuíto.

1 Comments:

Blogger João said...

Few words:

É esse o significado do poema. A poesia acaba por "prostituir-se" a quem "consome" o seu corpo despido. No entanto, a possessão é casual e momentânea, daí eu dizer que a poesia não é mãe, por não ser um amor perpectuo ou contínuo, é amante fugaz que se escapa assim que pronunciamos o ponto final.

Jinhos

8:34 da tarde  

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