domingo, dezembro 12, 2004

Assim é a poesia

Mimoseando as palavras,
sou como uma criança de olhos brilhantes,
que descobre em cada verso um novo mundo.
É que no fundo,
todo o mundo é um só instante.
Depois...
quando descubro uma rima
que sai ocasionalmente,
os olhos brilham-se-me, os dois,
com uma ilusão inundada de meninice.
Como quando era pequeno
e na tagarelice monossilábica,
dos meus discursos imperceptíveis,
soltava uma palavra perfeita.
E, com a palavra feita,
e um sorriso desenhado no rosto,
arrancava risos e expressões de espanto,
aos graúdos e crescidos,
que embevecidos
pediam que repetisse a façanha,
da qual não tenho governo.
Assim é a poesia.
Tal qual as primeiras e tímidas palavras,
que se soltam à força de ensaios e teimosia.