domingo, dezembro 12, 2004

Primogénito

Pari-te entre lágrimas e sangue,
como quem teme pôr ao mundo,
que não te merece,
toda a alma desnuda.
E por vezes acontece,
que no fundo de mim,
algo floresce com tamanho vigor,
que toda a dor,
toda a vontade,
toda a geografia das palavras que uso,
são mínimas.

Beijo-te com lábios de papel,
ao chamar-te pelo nome que te dei,
sorri-te e sorriste-me,
soube então, como hoje o sei,
que o ser se me partiu em dois,
és tudo o que dele vale a pena,
De um dia mil sóis,
e outras tantas luas
das noites escuras que por ti esperei.

Dei-te a mão,
abri-te o coração.
Deste-me outros olhos para o mundo,
outro andar sobre estas andanças
no teu corpo branco.
No mais profundo
de mim nasceram outros,
com igual dor,
também eles entre lágrimas.






1 Comments:

Blogger éme said...

:)
e às vezes não acredito que exista isto em Vila Real
e às vezes sim, acredito

3:15 da tarde  

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