Pelas ruas desciam em marcha
os exércitos das palavras,
ladeados pelos lideres sindicais,
dos verbos, adjectivos e substantivos.
Gritavam aforismos comuns
aos anónimos,
trocadilhos e binómios
emprestados.
Nas gargantas levavam o som
de uma vontade alugada,
de uma valentia a prazo.
Erguiam bandeiras de cores pardacentas,
quintessências bolorentas.
Na praça dos textos,
junto ao busto dos domadores das letras,
abriram-se as métricas e rimas,
e saíram as enjauladas sílabas à rua,
umas voaram, bateram ao vento os seus acentos,
as suas tónicas, e voaram...
voaram para longe,
multiplicaram-se na viagem
numa infinidade de semelhantes,
ubicaram-se nos corações,
nas ideias,
nos textos,
espraiaram-se nas folhas escritas,
saltaram de lábios em lábios,
em berros ou sussurros,
mimaram ouvidos,
arrouparam corações,
germinaram risos,
limparam lágrimas.
Recolhidas as tendas,
as bandeiras e estandartes,
silenciados os cânticos e aforismos,
a praça despiu-se,
os sons silenciaram-se,
as palavras despediram-se e partiram.
Junto ao busto dos domadores das letras,
conhecidos por escritores,
ficou a sílaba entre as sílabas.
Fé.
(Desculpem a ausência, nem sabem como foi importante sentir que há interesse em ler o que escrevo, obrigado Ricardo, Teresa, Sónia e todos os que me empurraram para voltar a escrever. Obrigado Angela, sobretudo a ti devo um obrigado muito sentido. Desculpem a qualidade, mas são os primeiros passos depois da ausência, ainda por cima foi escrita em cinco minutos, não a voltei a ler ou corrigir, o significado é óbvio: o desejo de que as palavras se soltem de novo e se prestem à minha vontade. Há fé de que isso aconteça. Abraços muito fortes e muito obrigado. Virão outros prometo!!)