quinta-feira, agosto 05, 2004

Poema a...


Nasceste da água,
clara, evidente.
Teus olhos escuros são noite estrelada,
A tua boca sabe a mel,
carnosa, ardente.
Corpo suave,
definido, canelado,
estrada
Em cujas curvas me perco.
Em cujos músculos acho
O sentido do mundo.
Quantas vezes crucificado,
Na precariedade das palavras.

Também tu és simples
e é nessa simplicidade tua
Que acho a beleza platónica,
pernas gregas quais colunas!
És alvorada,
branca como a lua.
Mar revolto, terra agreste,
penhasco salgado
Pelo bater das ondas.

Cheiro de Oriente,
Ópio para o meu espírito perdido,
És fumo branco do meu cigarro
Último suspiro do corpo mendigo e dormente
Vagabundo nas ruas de incenso do teu cabelo.
És vício para o meu corpo,
Tal qual eu quis que fosse
E quão doce
É o teu corpo abandonado ao destino
Dos meus caprichos,
À profanação das minhas mãos.

Por estas e outras coisas
escuta o vento,
As lágrimas escrevem a palavra saudade
Nas minhas faces,
que em desespero limpo,
Quão doce mentira apagá-las,
que crueldade!



Évora 2001- 14 Poemas Meus (Prenda dos Dia dos Namorados)