quinta-feira, maio 26, 2005

Algarve


Olhei para o fudo dos teus olhos de sal,
contei nas ondas as repetidas juras de Portugal.
Descobri no reino cristão os ancestrais guerreiros,
que se lançam ao mar, filhos dos egrégios marinheiros.

És, em cada Vila tua, uma casa caiada.
Um pátio aberto, uma noite estrelada,
das mouras encantadas, a sua magia.
És mulher morena, terra algarvia.

São os teus sabores, o Sol ou a Serra,
não sei que seja na verdade,
talvez esta gente que dedicada à terra,
deixa tanta saudade.

Argunautas das traineiras,
Homens do campo e do mar,
Das casas caiadas à alfarrobeira,
das noites encantadas ao luar.

Deixou lágrimas na pele morena,
recordando o amor do mouro infiel.
são amêndoas amargas, são pena,
das noites de lenda, das luas de fel.

Uma onda te beija enquanto uma lágrima te despede.
Que amor assim não se mede.
És areia fina, rede de pesca, sal.


És do mundo um sorriso desenhado,
na areia, na rocha, nos rosto.
És este Algarve amado.

quarta-feira, maio 11, 2005

Aos resistentes


Vou-te contar,
por onde andei nestes tempos,
em que calei o que em mim quis gritar.
Segredar-te-ei ao ouvido um sussurro
que irás por na boca do mundo.
Vim nas asas de uma ave,
que batiam ao vento com vigor,
tinha a pressa própria,
dos que em atraso prolongado vão.

Sacudindo as asas,
já sou gente!
Já sou de novo, essa gente que grita!
Que a escrita,
assim falada no papel,
tem outra resistência ao tempo.

Andava esquecido,
mas já não estou,
e por isso convido-te,
caro leitor, a que me oiças
neste silêncio escrito,
neste sussurro em prosa.

Peço-te desculpa,
mil desculpas e outras tantas mais.
Fiz-te esperar,
e contas feitas,
a tantas razões, que as quais,
somadas todas elas,
subtraídas na verdade,
não são razões tais
para este silêncio.

Por isso resisto.
Porque resististe!
Assim te escrevo,
e assim sentes a verdade
que inunda cada sílaba
do meu mais sincero "Obrigado"!

(Dedico-vos a vós "resistentes", que não desistiram de me visitar! Desculpem a demora.)